** O trem para Tiradentes continua um sucesso de público **
A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) passou a administrar desde setembro de 2001 o complexo ferroviário de São João del Rei, em Minas Gerais. A concessão foi dada pelo Ministério dos Transportes ainda em caráter precário, pelo período de um ano, até que a Agência Nacional de Transportes Terrestres passe a regular efetivamente o setor. Sob nova administração, o museu foi reaberto eo trem de passageiros
entre São João del Rei e Tiradentes, que operava com apenas duas locomotivas, agora já dispõe de quatro máquinas a vapor.
O complexo ferroviário de São João del Rei, totalmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reúne o maior acervo de locomotivas a vapor preservado e original de um mesmo fabricante - Baldwin - e de uma mesma ferrovia - a Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM). No local existem quinze locomotivas Baldwin especialmente fabricadas para bitolinha de 0,76 m, sendo que apenas uma está sucateada. Seis estão operacionais, duas a lenha e quatro a óleo. As outras oito locomotivas estão completas, mas paradas - sete na rotunda, construída em 1882, e uma no museu da gare. O complexo guarda ainda outras três locomotivas de bitola métrica da antiga Rede Sul Mineira: duas Baldwin - uma delas cortada ao meio para demonstração - e uma alemã Schwartzkopff , além de diversos carros de madeira e até um carro funerário, com uma urna no centro para transportar caixão.
No final dos anos oitenta, o complexo de São João Del Rei recebeu a visita de descendentes da família Baldwin. Segundo relato de funcionários da ferrovia, os Baldwin - que chegaram a ser os maiores fabricantes de locomotivas dos Estados Unidos, antes das diesel-elétricas - nunca tinham visto tantas máquinas com sua marca preservadas.
E o que salvou estas locomotivas, num país que cortou e vendeu como sucata a maioria das máquinas a vapor, quando elas foram substituídas pelas diesel-elétricas?
O fato das locomotivas da Estrada de Ferro Oeste de Minas rodarem em bitolinha, impediu que elas fossem espalhadas por outras ferrovias todas em bitola métrica ou larga (1,60m). E como os fabricantes de maquinas diesel não produzisem equipamentos para bitola de 0,76 m,
a EFOM continúa operando a vapor.Em todo o Brasil, a tração a vapor foi substituída nas décadas de 1950 e 1960, mas ali as vaporosas trabalharam duro até o início dos anos 80. Chegaram a transportar 11 trens diários de cimento entre a fabrica de Barroso e Aureliano Mourão, em Lavras, onde a carga passava para bitola métrica e seguia até Maringá, no Paraná.
O destino final era a barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, a 420 quilômetros dali.Considerada uma das maiores obras do século passado, a Usina de Itaipu demandou tanta matéria-prima que teve que buscar fornecedores em todas as regiões do país, usando a ferrovia para trazer as mercadorias dos locais mais distantes. No pico da construção da barragem realizada entre 1975 e 1984 - do pátio de transbordo de Maringá saíam rumo a Foz 350caminhões por dia, com cimento, aço e outros produtos, segundo o livro institucional “Itaipu, a Luz”.
Depois disso, a maioria das locomotivas de São João Del Rei foi aposentada, mas o trem turístico para Tiradentes nunca deixou de operar.
Hoje as caldeiras usam óleo no lugar da lenha para produzir vapor. os fins de semana e feriados chegam aa circular seis trens diários pelos 12 quilômetros de linha ativos, de uma ferrovia que chegou a ter 729 quilômetros de extensão. A venda de bilhetes para o trem São João Del Rei-Tiradentes ( ida e volta custa R$ 14,00, adultos, e R$ 7,00 crianças) e o aluguel de espaços para eventos é suficiente para manter o complexo, segundo a FCA. Mas a empresa tem planos de recuperar as instalações através de parcerias com outras empresas.
*** Museu Ferroviário de São Jão del Rey ***
*** Museu Ferroviário de São Jão del Rey ***
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